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Ganga Zumba


 Capa do filme Ganga Zumba
A história comete uma injustiça quando conta a saga do Quilombo dos Palmares. Nela, Zumbi aparece como o grande e único personagem na luta contra o governo escravocrata. A verdade é que Palmares só foi o que foi graças a Ganga Zumba, o grande estadista do quilombo. Pouco se sabe dele. Era um negro africano alto e forte que chegou a Palmares por volta de 1630.
Sobre sua vida foi feito um filme homônimo, dirigido por Cacá Diegues e que contou com a participação do músico Cartola.

Ganga Zumba, ou Grande Senhor, foi o primeiro líder do Quilombo dos Palmares, ou Janga Angolana, no atual estado de Alagoas - Brasil, governando entre 1670 e 1678. Foi o antecessor de seu sobrinho Zumbi. Zumba era filho da princesa Aquatune e assumiu a posição de herdeiro do reino de Palmares e o título de Ganga Zumba. Apesar de alguns documentos portugueses lhe darem este nome e o traduzirem como "Grande Senhor", ele provavelmente não está correto. Entretanto, uma carta endereçada a ele pelo governador de Pernambuco em 1678, que se encontra hoje nos Arquivos da Universidade de Coimbra, chama-o de Ganazumba, que é a melhor tradução de Grande Lorde (em Kimbundu), e portanto o seu nome correto.

Nesta época, a medida que seu número foi crescendo, eles formavam assentamentos chamados de "mocambos" (mukambo é esconderijo no dialeto banto), eram refúgios de escravos foragidos, principalmente de origem angolana (Angola), que se refugiavam no interior do Brasil, principalmente na região montanhosa de Pernambuco. Gradualmente diversos mocambos se juntaram no chamado Quilombo dos Palmares, ou Janga Angolana, sob o comando do Rei Ganga Zumba ou Ganazumba. Ganga Zumba sabia que um quilombo unido dificilmente seria vencido e procurou os líderes locais. Reuniu os maiores mocambos em uma confederação e foi eleito comandante geral. E assim, iniciou-se o período mais próspero e feliz da existência de Palmares. Ganga Zumba, que governava a maior das vilas, Cerro dos Macacos, presidia o conselho de chefes dos mocambos e era considerado o Rei de Palmares. Os outros 9 assentamentos eram comandados por irmãos, filhos ou sobrinhos de Gunga Zumba. Zumbi dos Palmares era chefe de uma das comunidades e seu irmão Andalaquituche comandava outra.
Por volta dos anos de 1670 Ganga Zumba tinha um palácio, três esposas, guardas, ministros e súditos devotos no "castelo" real chamado "Macaco" em homenagem ao animal que havia sido morto no local. O complexo do castelo era formado por 1.500 casas que abrigavam sua família, guardas e oficiais que faziam parte de nobreza. Ele recebia o respeito de um Monarca e as honras de um Lorde.
Em 1677, sob sua chefia, Palmares travou dura guerra contra a expedição portuguesa de Fernão Carrilho. Nesta batalha, as tropas da coroa fizeram 47 prisioneiros, entre os quais dois filhos de Ganga Zumba, Zambi e Acaiene, netos e sobrinhos. Um de seus filhos, Toculo, foi morto na luta. O próprio Ganga-Zumba foi ferido por uma flecha mas escapou.

Porém para tentar acabar com as tentativas de invasão que não cessavam e que obrigavam os habitantes de Palmares a viverem sempre na expectativa de uma guerra, Ganga Zumba, decidiu negociar uma paz duradoura com os brancos. Em 1678, Ganga Zumba aceitou um tratado de paz oferecido pelo Governador Português de Pernambuco, Pedro de Almeida, oferecendo ''união, bom tratamento e terras'', além de prometer devolver ''as mulheres e filhos'' de negros que estivessem em seu poder. O qual também requeria que os habitantes de Palmares se mudassem para o Vale do Cucau. Em troca da paz, os palmarinos pediam liberdade para os nascidos em Palmares, permissão para estabelecer "comércio e trato" com os moradores da região e um lugar onde pudessem viver "sujeitos às disposições" da autoridade da capitania. Prometiam entregar os escravos que dali em diante fugissem e fossem para Palmares.
Em junho de 1678, o oficial enviado a Palmares para levar a proposta retornou a Recife, à frente de um grupo de 15 palmarinos, entre os quais se encontravam três filhos de Ganga Zumba, recebidos pelo governador Almeida. O tratado foi desafiado por Zumbi, um dos sobrinhos de Ganga Zumba, que se revoltou contra ele. Zumbi e a maioria do povo do quilombo não acreditavam na paz dos brancos. Parte dos palmarinos, liderados por Zumbi, eram contrários ao acordo de paz e se recusaram a deixar Palmares.
Foi a primeira discórdia dentro do quilombo. E assim, Ganga Zumba, no dia 5 de fevereiro de 1678, acompanhado de 400 quilombolas, foi para Recife e depois rumo a Cucau onde, depois de conhecer o local onde se instalariam, percebeu que caíra numa armadilha. Em Cucau, vivendo sob forte vigilância da autoridade portuguesa e hostilizado pelo moradores das vilas próximas, Ganga Zumba vê frustrada sua iniciativa. Na confusão que se seguiu Ganga Zumba foi envenenado, muito provavelmente por um dos seus, por fazer um tratado com os portugueses. Os que se mudaram para o Vale do Cucau foram reescravizados pelos Portugueses. A resistência aos Portugueses continuou com Zumbi.

Curiosidade:

O kimbundo (mbundu) é uma das línguas mais faladas em Angola, no noroeste desse país, incluindo a província de Luanda. O português tem muitos empréstimos lexicais desta língua obtidos quer em Angola quer no Brasil. É falada por cerca de 3 milhões de pessoas em Angola, como primeira ou segunda língua.
É também conhecida como mbundu, loanda, luanda, lunda, loande, mbundu do norte, nbundu, n'bundo e kindongo.

Comentários

Anônimo disse…
hola soy nuevo te paso nuestro blog esta sin terminar
axe

http://capoeiraanimal.blogspot.com
Papagaio Preto disse…
Gracias por la visita, yo voy a mirar tu sítio.
Saludos.

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