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Praticante do jogo a caminho de uma das sangrentas sessões de chibata que a polícia preparava para punir os cativos e libertos rebeldes |
Um dos motivos para que as gangues se mantivessem mesmo com forte repressão policial era a cobertura que recebiam dos partidos políticos da época. Os Guaiamuns e Nagoas apoiavam, respectivamente, liberais e conservadores. O voto, na época, não era secreto, por isso muitos eleitores eram obrigados pelos capoeiras a votar nos candidatos dos partidos que apoiavam cada malta. Eles também eram responsáveis por criar arruaças nas eleições, que muitas vezes acabavam em confusões e brigas.
A proteção política dos poderosos e a atuação como capangas dos partidos tiraram dos capoeiras o brilho da resistência escrava. Além disso, eles passaram a servir de massa de manobra para interesses ideológicos. Após a assinatura da Lei Áurea, em 1888, eles chegaram a organizar uma milícia, chamada de Guarda Negra, que perseguia os abolicionistas, como prova da lealdade da capoeiragem à princesa Isabel e ao regime monárquico.
O golpe fatal nas gangues do Rio de Janeiro veio justamente com a Proclamação da República, em 1889. No ano seguinte, a capoeira foi inserida no Código Penal Brasileiro, por meio do decreto de 11 de outubro de 1890, cujo artigo 402 qualificou como crime “fazer nas ruas e praças públicas exercícios de agilidade e destreza corporal, conhecidos pela denominação de capoeiragem”.
O responsável pela façanha que culminou com o fim das maltas no Rio de Janeiro foi Sampaio Ferraz, chefe de polícia que comandou a campanha que desterrou os capoeiras para Fernando de Noronha, durante o governo de Deodoro da Fonseca. Dessa maneira, Ferraz entrou para a história como o algoz que decretou a morte da capoeira na cidade.
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