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Mosaico cultural | Há 35 anos, partia Mestre Pastinha, criador da capoeira de Angola

Pastinha dedicou sua vida a defender, divulgar e ensinar uma das expressões culturais mais fortes do Brasil

Mauro Ramos
Brasil de Fato | São Paulo (SP), 18 de Novembro de 2016 às 19:24

"A capoeira é espiritualizada e materializada no eu de cada qual" / Reprodução
Vicente Ferreira Pastinha nasceu em 1889 e, segundo ele mesmo, aprendeu capoeira com apenas oito anos de idade, com um africano chamado Benedito que, ao vê-lo brigar com um garoto mais velho, resolveu lhe ensinar a capoeira.

Em 1902, Pastinha entrou para e escola de aprendizes marinheiros, onde passou oito anos de sua vida. Na Marinha, praticou esgrima e aprendeu a tocar violão. Ao mesmo tempo, ensinava capoeira a seus companheiros.

Em 1910, Mestre Pastinha começou a ministrar aulas de capoeira às escondidas na sua própria casa, pois a prática havia sido proibida, e quem contrariasse as regras poderia ir para a cadeia.

Pastinha se tornou defensor e a principal referência da capoeira de Angola, que possui movimentos mais lentos, rasteiros e lúdicos do que outros estilos do jogo.

No documentário “Pastinha, uma vida pela capoeira”, o escritor Jorge Amado fala sobre Pastinha:
“Ele era um homem pequeninho, não era alto; ágil como um gato. Eu me lembro de tê-lo visto brincar, jogar capoeira… num hábito tão importante tão belo, em que homens de todas as classes se juntavam para brincar ao som dos atabaques, as cantigas de escravos…”
Mestre Pastinha trabalhou ainda como pedreiro, pintor, entregando jornais, entre muitas outras ocupações.

Mestre Curió, discípulo de Pastinha, fala sobre o pensamento de seu mestre sobre a capoeira:
“Ele combatia a violência, e dizia que capoeira não é violência. Capoeira é arte, dança, mandinga, malícia, filosofia, educação, cultura e, na hora da dor, é que ela passa a ser uma luta perigosíssima”
Em 1966, Mestre Pastinha realizou o seu sonho de conhecer a África ao representar o Brasil por meio da capoeira angola no 1º Festival Mundial das Artes Negras, em Dacar, no Senegal. Ele estava ficando cego, consequência de uma trombose que atingiu sua visão, e não chegou a passear em terras africanas.

O último lar do mestre foi no abrigo para idosos Dom Pedro II, onde morreu aos 92 anos, no dia 13 de novembro de 1981.

Confira o áudio programa Mosaico Cultural, da Radioagência Brasil de Fato (para baixar o arquivo, clique na seta à esquerda do botão compartilhar) na postagem original na fonte abaixo.

Fonte: Brasil de Fato

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