Outra Copa do Mundo está aí, e nada mais apropriado que falar de futebol. Neste caso, sem deixar de lado a capoeira que, assim como o samba, teve um papel importante na formação do futebol brasileiro.
Trazido da Inglaterra por Charles Miller em 1894, o futebol era inicialmente considerado um"esporte de elite". Os negros e pobres, a princípio, não tinham vez no futebol.
Porém a simplicidade do esporte facilitou à sua popularização e, aos poucos o futebol passou a ser jogado nos mais diversos lugares com bolas improvisadas com latas amassadas, jornal, ou mesmo uma laranja.
Na década de 20, com a transição do amadorismo para o profissionalismo no futebol brasileiro, as restrições aos negros e mestiços começaram a se atenuar. Mas foi em 1923, que o Vasco da Gama chocou ao disputar o campeonato carioca com uma equipe de negros e brancos pobres. Colocando em primeiro plano a habilidade ao selecionar os jogadores, e deixando de lado os quesitos status e sobrenome, o Vasco foi campeão carioca por dois anos consecutivos.
Mas não foi tão fácil assim conquistar a igualdade no futebol. Da resistência dos brancos e ricos foi criada uma regra onde, uma falta violenta cometida por um branco contra um jogador negro era marcada pelo juiz e o jogo prosseguia, mas quando era um negro cometia falta violenta sobre um branco, o juiz apitava e, antes que a falta fosse cobrada, o branco tinha direito de revidar a violência.
Desse modo, para evitar bolas divididas, os negros trouxeram para o futebol o gingado da capoeira e do samba, recriando o drible, reinventando o futebol dos ingleses e inventando o futebol-arte.
Da mesma forma que o drible curto de Domingos da Guia foi inspirado no miudinho do samba, conforme informado pelo próprio Domingos, também é evidente a relação de movimentos da capoeira com a bicicleta de Leônidas, o corta-luz, o carrinho e a tesoura.
Como lembra o historiador, professor e escritor brasileiro Joel Rufino, em Bola Brasilis, texto estampado no livro coletivo Brasil Bom de Bola, por volta de 1900 a capoeira era proibida, então o negro adotou o futebol e colocou nele seu gingado e malandragem.
Não foi à toa que Zico, a frente da seleção japonesa, contratou um professor de capoeira para ensinar a nossa arte aos jogadores japoneses, procurando passar a eles um pouco da ginga e do jogo de cintura que o brasileiro tem.
Jornal do Capoeira
Mário Prata Online
Ministério da Cultura
Fonte: Capoeira de Vênus
Comentários