Por: Haroldo Oliveira
Fonte: Rabo de Arraia
Em 1974, após anos a frente do teatro popular brasileiro, com o qual viajou o mundo levando o maracatu do recife, vem a falecer o poeta Solano Trindade. No ano seguinte, Raquel Trindade, filha do poeta, funda a companhia “ teatro popular Solano Trindade”, baseando-se na seguinte frase deixada por ele: “ pesquisar na fonte de origem e devolver ao povo em forma de arte” . a companhia desenvolve pesquisas e realiza trabalhos sobre danças brasileiras, dentre elas o Maracatu, que é uma dança dramática de origem banto e mostra a coroação dos Reis e rainhas negras desde 1674. O cortejo saia da senzala até o paço das igrejas, com os Capoeiristas abrindo o caminho.
O séquito é composto por Estandartes, que antigamente era uma figura masculina, e agora é composta por Damas das Bandeiras; o Embamba, que é o Sacerdote, o Feiticeiro; o Primeiro Ministro; as Damas da Coroa, que levam as coroas para a cerimônia; as Damas das Flores; Princesas Africanas, Européias, e as Baianas; a Dama do Passo, esta tem um papel importante, pois carrega a Boneca Calunga, Janaina ou Iemanjá que simboliza o mar, e a travessia África – Brasil. Os instrumentos usados são: surdos, zabumbas, agogôs, cuícas e caixas.
Antes da abolição, os índios seguiam o cortejo do maracatu. Hoje a figura indígena está no maracatu rural” O ritmo possui três variações, sendo que, cada Nação tem um toque diferente, enquanto os negros estão no Maracatu Urbano. O teatro popular Solano Trindade apresenta um Maracatu Folclórico na dança e no ritmo; os cantos são compostos por Abigail Moura, Capiba, Vitor Trindade (neto de Solano Trindade), e alguns são de domínio público. Os Maracatu mais conhecidos no Recife são: “ Maracatu Nação Elefante” ,” Maracatu Leão Coroado” , ‘ Maracau Estrela Brilhante, e o que atualmente tem viajado muito, inclusive bastante conhecido no sudeste, que é o “ Maracatu Nação Pernambuco”.
Solano Trindade, cuja tradição familiar já acompanha o Maracatu há quatro gerações, trouxe o primeiro Maracatu diretamente para o Embu, em São Paulo, após uma viagem que realizou com sua companhia, o “Teatro Popular Brasileiro”, ao Leste Europeu. Logo depois, as irmãs Ibeji montaram uma maravilhosa Nação, a “ Capital Paulista’ . A rainha mais famosa do maracatu foi dona Santa.
O cortejo era feito no Natal, mas depois da Abolição a Igreja Católica proibiu a comemoração nessa data, e as comemorações passaram a ser feitas junto com o carnaval.
Na época da escravidão, os senhores davam a roupa que não usavam mais para que os escravos coroassem seus reis dançando o maracatu. Com esse gesto, acreditavam estar pura e simplesmente alienando os negros, visto que as Nações competiriam entre si, e isso dificultaria o planejamento de fugas para os quilombos, mas essas fugas eram combinadas junto aos Capoeiras.
Victor Trindade, músico, ogâm e Capoeira de Angola, filho de Raquel e neto do poeta, cuida da parte rítmica do Maracatu. Os ritimistas são do Teatro Popular Solano Trindade e da Academia de Capoeira Quilombo do Jardim Irene. Todos os dados sobre danças de origem banto, inclusive o Maracatu, estão no livro que Raquel Trindade escreveu, chamado: “ Urucungos, Puítas, e Quijêngues” três instrumentos banto.
Raquel Trindade é Artista plástica, coreógrafa, folclorista e lalorixá.
Fonte: Rabo de Arraia
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